sábado, 14 de janeiro de 2012

Em Salvador, Estado e prefeitura estão em conflito por causa do metrô

14/01/2012 - A Tarde

Pré-candidato à Prefeitura de Salvador, o petista Nelson Pelegrino cobrou do município a assinatura do convênio da linha 2 do metrô

Por João Pedro Pitombo

O desfile dos partidos nesta quinta, 12, na Lavagem do Bonfim, mostrou que as divisões entre os partidos da base governista vão além das questões eleitorais, mas também se situam no campo político-administrativo, num embate em torno de projetos importantes para a cidade. Prefeitura e governo do Estado não se entendem sobre o convênio do projeto de mobilidade urbana e sobre a ocupação dos terrenos doados para implantar o Parque Tecnológico.

O governador Jaques Wagner (PT) afirmou que “não tem nada a ver” a exigência da prefeitura de uma contrapartida para assinar o convênio que permitirá licitar a obra da linha 2 do metrô, que ligará Lauro de Freitas ao Acesso Norte, em Salvador. “Não estou entendendo nada. Eu estou querendo dar um presente para a cidade e ele ainda quer contrapartida? Não tem nada a ver”, disse Wagner, em tom de estranhamento.

Ele cobrou clareza dos gestores da prefeitura, relembrando que a cidade já tem um trauma de um metrô cuja obra se arrasta há 12 anos. “Eu espero não ter que dizer para a cidade que a prefeitura não quer o metrô. Eu estou tentando resolver o problema e eles acham ruim”, destacou.

Pré-candidato à Prefeitura de Salvador, o petista Nelson Pelegrino cobrou do município a assinatura do convênio da linha 2 do metrô. “E eu acho errado fazer qualquer exigência de contrapartida. A cidade não aceita isso, o metrô é uma obra importante e o prefeito tem que sancionar para que o governo possa fazer a licitação”, pontuou, destacando que o pedido de contrapartida não partiu do prefeito João Henrique, que está em férias nos Estado Unidos, mas do secretário João Leão (PP).

Leão, por sua vez, afirmou que não vê problema em a prefeitura assinar o termo de anuência do convênio, mas impõe condições para isso. Segundo ele, o governo do Estado terá que “ressarcir” a prefeitura em R$ 71 milhões pelo investimento que a administração municipal fez na obra – gerir o trem do subúrbio. “Se o governo quer comer a carne deve levar o osso também”, disse. O assunto será discutido em reunião marcada para o próximo dia 27.

Parque Tecnológico - Outro ponto de desentendimento entre prefeitura e governo do Estado está no projeto da  Lei de Ordenamento e Uso do Solo (Louos), aprovado  na  Câmara de Vereadores. Uma  emenda proposta pela bancada da maioria prevê que os terrenos do entorno do Parque Tecnológico, doados pela prefeitura ao Estado, sejam edificados até 2013, sob pena de retornarem para a administração municipal. Além disso, altera o zoneamento dos terrenos para permitir a construção de empreendimentos residenciais.

Ressaltando que o assunto não compete a ele, Wagner alegou que o prazo é muito curto. “Se ele falasse 2030, eu acharia razoável. Agora, algo que foi preparado para uma finalidade, com apenas um ano já querem transformar em área imobiliária, acho este artigo estranho”.

*Colaborou Valmar Hupsel Filho

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