segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ajuda do Estado ao metrô da Bahia gera dúvidas

11/05/2012 - Tribuna da Bahia Online

Pelos cálculos do governo e da Prefeitura, são necessários R$ 40 mi para iniciar a pré-operação do metrô, que tem seis quilômetros de extensão.

Por Raul Monteiro

A mudança de 180³ na postura do governo do Estado com relação ao metrô de Salvador desencadeou um conjunto de especulações nada confortáveis na equipe do prefeito João Henrique (PP) sobre o que pode estar por trás da guinada.

Uma delas é que, aproveitando-se de seu poderio publicitário e de mídia, o governo estadual pode estar interessado em assumir a paternidade do empreendimento, de olho nas eleições municipais, mesmo depois de ter se colocado frontalmente contra o equipamento.

A outra é que, ao acenar com o levantamento dos recursos para o tramo I do metrô, a administração estadual pode, na realidade, estar tentando assumir a condução de todo o processo para, deliberadamente, retardar a chegada do dinheiro, jogando a operação do novo sistema de transportes apenas para o ano que vem, muito tempo depois, portanto, das eleições municipais, quando o funcionamento do sistema pode ser apresentado como uma grande realização do governo João Henrique, beneficiando o candidato que ele apoiar.

Na equipe do prefeito, o temor é tamanho com relação à entrada em cena do governo do Estado na história que já há quem esteja sugerindo a João Henrique que levante diretamente o dinheiro no orçamento do município de forma a colocar o metrô em funcionamento de qualquer forma até agosto, ou seja, antes das eleições.

Pelos cálculos do governo e da Prefeitura, são necessários R$ 40 mi para iniciar a pré-operação do metrô, que tem seis quilômetros de extensão.

Como o dinheiro não precisa ser desembolsado de uma única vez, a Prefeitura poderia se preparar para aportar os recursos, parceladamente, a partir de agosto, a tempo de dar à população o direito de usar o equipamento, durante a pré-operação, de forma gratuita.

“Muito estranha essa mudança repentina na postura do governo do Estado com relação ao metrô. Antes, era contra. Agora, repentinamente, ficou a favor”, disse ao Política Livre uma fonte com acesso direto ao gabinete do prefeito.

A mesma fonte avalia que, embora a mudança de postura do governo possa ser considerada uma vitória pessoal do prefeito, que passou a peregrinar pelos meios de comunicação defendendo o funcionamento do equipamento desde que a ministra Míriam Belquior (Planejamento), em visita à Bahia, questionou a operação, nenhuma explicação razoável surgiu até agora para tamanha virada.

Mesmo a tese de que, caso não mudasse, o governo petista estaria prejudicando o deputado federal do PT Nelson Pelegrino, que passaria a ser o único candidato a ficar contra o funcionamento do metrô na campanha municipal, não convenceu ainda os aliados do prefeito.

“Tem, com certeza, mais coisa por trás disso”, analisa outra fonte próxima de João Henrique, lembrando que o gestor foi o responsável pelo destravamento burocrático que permitiu a conclusão dos seis quilômetros do metrô.

Quando João Henrique assumiu a Prefeitura em 2004, encontrou apenas 20% das obras do metrô concluídas, envolvendo-se numa operação de guerra, no que teve o apoio de todos os partidos baianos, do PT ao DEM, para retomar os investimentos e concluir o empreendimento, cujo tamanho foi definido pelo governo federal.

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