terça-feira, 3 de junho de 2014

Presidente da CCR fala sobre as obras do metrô de Salvador

03/06/2014 - A Tarde - BA

Homens trabalham dia e noite, inclusive nos fins de semana para que as linhas 1 e 2 do metrô sejam inauguradas dentro do cronograma. Para Harald Peter Zwetkoff, diretor presidente da CCR Metrô Bahia, concessionária responsável pela construção e operação do modal, os principais desafios são os prazos e a organização do trabalho. O prazo previsto inicialmente para a entrega do metrô era de 3 anos e 4 meses. Entretanto, o projeto já se arrasta por 14 anos e já custou R$ 1 bilhão à prefeitura, antiga gestora das obras. Nessa entrevista, Harald opina sobre os principais motivos para o atraso, revela como serão os trens e como vai funcionar o pagamento. O presidente também comenta sobre a ausência de banheiros nas estações de Brotas e do Campo da Pólvora, sobre o embargo de uma frente de trabalho no Retiro e sobre a demolição dos galpões da empresa Módulo Logística para a construção de uma área de manutenção dos trens.

O metrô se arrasta por 14 anos. Em sua opinião, qual o motivo de tal atraso?

Houve mudança de modelo, de construção para concessão. Antes, a administração pública contratava uma empresa para executar determinada obra. Então, a empresa tinha dificuldades, tinha que negociar novos preços, e havia questões contratuais. Agora, fomos contratados para a concessão e o nosso negócio não é a obra, é operar o metrô. Para que a operação seja iniciada, a obra tem que ser concluída.

O que muda com o modelo de concessão?

Se precisamos operar o metrô, temos que superar todas as dificuldades da obra. Todas as negociações comerciais e contratuais ficam em segundo plano. Antigamente, a prefeitura ia contratar o metrô, mas não sabia quem ia operar. E se atrasasse, quem ia pagar? Não tinha muita penalidade. Hoje, se eu não cumpro os marcos contratuais, eu não recebo as parcelas dos aportes do governo federal e estadual, porque o contrato é uma Parceria Público Privado [PPP]. A cada etapa de construção que eu concluo, a cada estação que eu inauguro, eu recebo uma parcela dos recursos do Governo.

O cronograma do metrô continua o mesmo, ou houve alguma alteração?

A única alteração que fizemos até o momento foi a antecipação do início da operação assistida que passa a ser no dia 11 e não 30 como estava previsto. A operação comercial começa em 15 de setembro. O trecho entre o Acesso Norte e Pirajá inicia em janeiro de 2015. E em outubro começamos a linha 2 [Acesso Norte - Iguatemi].

Funcionários ainda fazem reparos na Estação do Campo da Pólvora, que deve estar pronta até o dia 11. Que reparos são esses?

Em todas as estações estamos fazendo uma série de trabalhos e os principais são de adequação às normas de acessibilidade. Nós estamos instalando piso tátil, corrimões de escada, além de acabamentos formais na parte de hidráulica, elétrica. As equipes de revitalização estão limpando, trocando vidro, tem muito trabalho para fazer, mas com certeza elas ficarão prontas até o dia 11.

A segurança dos trens já foi testada?

Está sendo testada há um mês. Já circulamos com os trens em velocidades variadas, colocamos cargas muito maiores que as de passageiros, com saco de areia simulando 10 passageiro por metro quadrado, algo que nunca vai acontecer. A certificação ainda está em andamento, mas já tivemos provas de que o sistema é seguro.

Que conforto os trens vão oferecer aos passageiros?

Ar condicionado, sistema de som para comunicação direta, ou seja conteúdo de mídia, notícia e informações aos usuários. Também têm controle de velocidade e controle de frenagem. Além dos 6 que já existem, vamos comprar mais 28.

Como será feito o pagamento da passagem, a partir de setembro?

O metrô vai ter uma tarifa de R$ 3,10 e uma tarifa de integração com ônibus de R$ 3,90. Ambas fixadas pelo estado. A de integração dá direito ao metrô e duas integrações com ônibus.

Atualmente, os operários trabalham dia e noite e também aos domingos. Esse esforço é necessário?

O cronograma é muito desafiador. Assinamos o contrato no dia 15 de outubro. Gastamos os meses de outubro, novembro e dezembro para revisar os projetos. Começamos com força mesmo em janeiro. Conseguir inaugurar a estação do Retiro em poucos meses não é fácil. Pela complexidade da obra, pelo volume de serviços envolvidos, pela certificação de segurança, que é muito importante. Com isso tudo, não dá para trabalhar 8 horas por dia. Então trabalhamos em três turnos. Aproveitamos todas as horas do dia para conseguir entregar o metrô no prazo.

Quantos funcionários trabalham nas obras do metrô?

Atualmente, são dois mil e a expectativa é que este total chegue a 3.400 até o final da obra. No início, trouxemos pessoas de fora, principalmente engenheiros, por terem estudado projetos na área de metrô. Mas, hoje, 88% da nossa mão de obra é baiana. A maioria dos operadores de trem que contratamos, por exemplo, é baiana.

O grupo já providenciou a construção de banheiros na Estação de Brotas?

Não. Fizemos um inventário e percebemos que poucas estações de metrô, até mesmo de outros países, contam com banheiro. Será possível usar os banheiros dos terminais de integração. As novas estações estão sendo projetadas com banheiro. Nas existentes, como a de Brotas e Campo da Pólvora, não terão por agora. Implantar banheiro nesses locais é complicado, porque a estação já está toda construída, cavada na rocha. Para instalar o banheiro é preciso pensar nas redes de fornecimento de água e de esgotamento sanitário. Não é uma solução simples. Está sendo estudada. Por enquanto, vai começar a funcionar sem banheiro.

Uma das frentes de trabalho do metrô foi embargada recentemente por falha de segurança nos canteiros, segundo a Superintendência Regional de Trabalho e Emprego. Que falha foi essas?

Primeiramente, quem faz a obra não é a concessionária. Nós contratamos uma empresa, fiscalizamos e cobramos todos os procedimentos de segurança. O que houve foi um entendimento do Ministério de Trabalho que, para o trabalho em altura, os equipamentos de segurança disponíveis deveriam ser reforçados. Já foi reforçado e voltamos à normalidade. Nós trabalhamos desde outubro, temos 2 mil funcionários e apenas um acidente de trabalho, por causa de um portão que estava enferrujado e caiu.

A CCR teve participação na demolição dos galpões de Pirajá, que, segundo a Sucom, foi feita sem alvará?

Aqueles galpões estavam numa área que será usada para a realização da manutenção dos trens. Essa área toda já estava desapropriada desde 2003, segundo o edital de licitação. Ao começarmos o trabalho, vimos que havia ocupações irregulares que já deveriam ter saído. Foi expedido um mandado judicial. Então, a partir daí, nós tomamos posse do terreno para as demolições. É normal que, com a pressa para construir as obras, algumas formalidades sejam concluídas com atraso. Mas, podemos dizer que, hoje, temos a autorização e está tudo regularizado.

Nenhum comentário: